Encalhado nos EUA, Viper pode vir ao Brasil? Chrysler responde
Atualizado às 15h05 de 20.03.2014
Faça o teste: mencione o nome Viper em qualquer rodinha de conversa automotiva e perceba que todos os olhos (e ouvidos) se voltarão instantaneamente em sua direção. Tudo graças à reputação que a máquina da americana Chrysler construiu entre 1992 e 2010, quando ainda saia de fábrica com a marca Dodge.
Tanto que a aposentadoria dos superesportivo após 18 anos deixou muita gente órfã de assunto… até o retorno em 2012.
Com dinheiro da Fiat, mãozinha da engenharia da Alfa Romeo e uma nova divisão para chamar de sua (a SRT), o Viper voltou ainda mais forte: o motorzão V10 cresceu para gerar 648 cv (40 a mais) e 82,95 kgfm de torque e provocar um calor ainda mais aterrador no interior da cabine, agora bastante tecnológica. Em Detroit, falou-se até em ressurreição do amor-próprio da cidade.
Em 2013, Chrysler fez festa para primeiro comprador do novo Viper na linha de produção, que agora será paralisada por dois meses.
RONCO ROUCO
Pois esta nova febre — fila de compradores nos Estados Unidos, multidão de interessados na Europa, zilhões de avatares do carro vendidos virtualmente para jogadores de videogames — durou… dois anos.
Com vendas em baixa, a Chrysler decidiu suspender a produção do Viper por pelo menos dois meses e dispensar 91 trabalhadores temporários, informou nesta quarta-feira (19) o jornal americano "Detroit Free Press". Inicialmente, a paralisação da unidade de Conner Avenue, que produz o superesportivo de forma artesanal, vai ocorrer entre 14 de abril e 23 de junho.
Segundo a Chrysler, há estoque de Viper para insanos 412 dias — traduzindo: se deixassem de produzir o carro por 13 meses, ainda haveria como atender a demanda atual. Em janeiro e fevereiro, apenas 90 clientes se interessaram em pagar pelo menos US$ 102.500 (cerca de R$ 240 mil pelo câmbio atual) pela configuração mais barata — a GTS, mais cara, custa US$ 125 mil (R$ 293.300 limpos).
TEST-DRIVE LIBERADO
A "crise" para o lado do Viper ocorre em um período de ouro para a Chrysler: em 2013, as vendas do grupo subiram 16%. Em janeiro, primeiro mês do controle total da Fiat, o aumento foi de 8%.
Esta situação é tão fora do comum que Ralph Gilles, chefão da SRT, divulgou uma nova "campanha": deslocou pessoal treinado da fábrica para as lojas e agora permite que os clientes façam… test-drive antes de comprar.
Queda nas vendas fez Chrysler liberar o test-drive do Viper antes da compra
AGORA VEM?
Ver o Viper encalhar nos Estados Unidos fez UOL Carros lembrar da primeira vez em que falou com os executivos da Chrysler sobre a nova geração, ainda em 2012. À época, o carro foi o astro do estande da marca no Salão do Automóvel de São Paulo, mas sem planos de ser vendido.
Não era pelo preço, que poderia beirar R$ 1 milhão — um importador independente chegou a trazer uma unidade por este valor, aliás. De lá para cá, Audi R8 e Mercedes-Benz SLS AMG, entre outros, lançaram configurações com preço acima da barreira do milhão e venderam bem — relativamente falando — aqui no Brasil. Também não foi pela "qualidade" dos condutores: ser brasileiro é fator de honra dentro da Chrysler, já que o engenheiro que deu o acerto final ao SRT Viper é o curitibano Marco Diniz.
Era pela alta procura nos EUA. "A demanda é muito alta, toda a produção dá conta apenas do mercado norte-americano", afirmou uma das fontes da marca durante o salão. "Mesmo a Europa segue esperando, então não temos planos para o Brasil".
Com a notícia da baixa procura, voltamos a procurar a Chrysler. Pouca coisa mudou: "Ainda não há planos".
Pelo visto, o assunto da conversa vai seguir sendo o Viper, mas os olhares terão outro sentido.
P.S. — A Chrysler afirmou nesta quinta-feira que a homologação do Viper, ainda que demorada, não é o principal empecilho. A questão segue sendo MESMO o preço que o V10 teria na concessionária. Uma pena.
(Eugênio Augusto Brito, do UOL, em São Paulo)
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