PSA mostra que só tradição já não vende mais carro
A situação da PSA — que agora será controlada igualmente pela família original francesa, pelo governo francês e pela fabricante chinesa Dongfeng — é emblemática, mas não surpreendente. É mais um sinal de que o mercado automotivo mudou radicalmente nos últimos anos e de que velhas ideias não funcionam mais.
Uma das pioneiras no setor automotivo, a Peugeot (marca mãe do grupo PSA) tentou se manter sob influência apenas dos controladores originais — a família que dá nome à marca, agora representada por Thierry Peugeot –, em vão.
Após amargar pelo menos três anos de forte prejuízo e procurar parcerias em vão — primeiro apenas com investidores privados, depois com o governo francês, após isso com a General Motors e, na reta final, com os chineses da Dongfeng, de quem já eram parceiros comerciais –, a família jogou a toalha e aceitou dividir o controle da companhia. O governo, os chineses e Thierry e seus sócios terão de colocar, juntos, mais de R$ 10 bilhões para reparar o estado das marcas Peugeot e Citroën.
Pelos planos, as duas marcas e mais a Dongfeng só voltarão à carga total em 2016, com boas projeções para 2020. Se tudo vingar.
A imprensa europeia lembra que após a definição deste caso, apenas duas marcas fortes europeias seguem sob controle dos acionistas familiares originais: a alemã BMW (na mão dos Quandt) e a italiana Fiat (com os Agnelli).
Ainda assim, a BBC ressalta que a recente fusão da Fiat com a Chrysler pode mudar esta situação em pouco tempo.
Fato é que a Peugeot segue a mesma estrada apertada e esburacada pela qual já passaram também a sueca Volvo, comprada em 2010 pela Geely, outra montadora chinesa (que detém também os direitos sobre a marca que fabrica os tradicionais táxis de Londres), e Jaguar-Land Rover, colocada no bolso em 2008 pela indiana Tata Motors, até então desconhecida.
A fonte do dinheiro mudou, os principais mercados consumidores de carros são outros, com China à frente, coreanos ditando regras de design e fabricação e emergentes subindo rápido — basta ver a importância do Brasil nos rumos automotivos recentes e o papel de Rússia e Índia. Há ainda a dor de cabeça geral: fazer carros mais conectados e seguros para atender novas demandas.
Há também uma curiosa profecia — misto de observação do mercado e fortes análises econômicas — que aponta um futuro ideal com apenas seis grupos fabricando carros. No momento, temos 13 grandes alianças: Toyota, General Motors, Volkswagen, Ford, Fiat-Chrysler, Renault-Nissan, Daimler-Mercedes, BMW, Honda, Hyundai-Kia, Tata-Jaguar-Land Rover, Geely e agora Dongfeng-PSA.
Quem vai sobreviver e como? Essa é a questão. (Eugênio Augusto Brito, do UOL, em São Paulo)
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