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Batismos infames ou O que há num nome 3

UOL Carros

11/05/2012 14h05

Há pouco mais de dois meses, por ocasião do lançamento do Fiat Grand Siena, publicamos um post (mais um) neste blog sobre nomes estranhos, absurdos, pretensiosos e bobos. Já havíamos feito algo semelhante em agosto de 2011 (aqui), mas parece que o assunto ganhou sua própria linha de montagem no universo automotivo atual, se renovando periodicamente. A dona do "lançamento" da vez é a GM. Lá fora e aqui.

Na Europa, a imprensa especializada está em polvorosa com o batizado do novo compacto das marcas Opel/Vauxhall, braços europeus da General Motors. Feito para se encaixar na gama abaixo do Corsa 4, o carrinho estreia no Salão de Paris, em setembro, como opção de mais apelo (leia-se mais luxo, equipamentos e visual interessante) que o do monovolume altinho Agila.

O nome do prodígio? Opel Adam (ou Vauxhaull Adam no Reino Unido), equivalente a Adão em português. O primeiro homem da tradição judaico-cristã levaria ao primeiro carro da marca.


Adam? Dar nome de gente ao compacto foi uma escolha polêmica da Opel

Um dos correspondentes locais do boletim "Automotive News" afirmou que o nome foi apresentado num evento oficial da Opel com a distribuição de uma espécie de HQ (história em quadrinhos, ou o popular gibi) explicando os motivos da escolha definitiva do projeto, que até então atendia por Junior. Nada de homenagear o fundador da marca alemã, Adam Opel, como se pensou inicialmente por conta do 150º aniversário de nascimento do industrial. Até porque isso seria uma desfeita com a co-irmã inglesa, empresa fundada por outro empresário, Alexander Wilson.

De acordo com os quadrinhos, a GM queria um nome forte e marcante para nomear seu compacto, que vai competir com Volkswagen Up, Toyota Aygo, Fiat 500, Mini Cooper e com um renovado Ford Ka. Nada que fosse "doce, bonitinho ou brincalhão". Também deveria ser um nome masculino, já que o carro será forte e estiloso, na visão da montadora. Algo bem diferente, portanto, do que a Renault fez com seu compacto Zoe, que tem nome feminino. Pelo mesmo motivo, Allegra (que rima com Corsa, Astra e Insignia, na tradição europeia do grupo de encerrar os nomes dos carros com a letra A) foi descartado. Ficou Adam, mesmo.

Os europeus não engoliram a decisão da GM. E partiram para a ridicularização. Ainda segundo o jornalista, na manhã seguinte à apresentação, o Twitter pipocou com pérolas como "Primeiro Zoe, agora Adam. Quem teve a ideia de presentear as montadoras com um livro de nomes de bebês no último Natal?" ou "Este veio direto da gaveta com a etiqueta 'nomes estúpidos"'. Também lembrou que a Renault enfrenta processos na Justiça movidos por mulheres que se sentem ultrajadas em ter seu nome associado a uma máquina. E de carros do passado que se deram mal com seu nome de gente, caso do Nissan Gloria.

BERÇÁRIO
Aqui no Brasil, olhos (e ouvidos) se voltam à nova safra de carros da Chevrolet, marca local da GM que lida com uma renovação total de sua linha e a obrigação de batizá-los. Vamos lá:

S10: foi barbada, pelo sucesso histórico, ainda que neste caso pesem mais os "contras" do nome mundial Colorado, que poderia sofrer rejeição em algumas comunidades brasileiras (especulou-se que gaúchos que torcem pro Grêmio poderiam torcer o nariz), além de estar registrado por outra montadora em nosso país. O SUV baseado na picape seguirá a fórmula familiar e seguirá sendo Blazer ("bleizer" na pronúncia).

Cobalt: até então desconhecido, é o nome do sedã que deu lugar ao Cruze nos Estados Unidos, mas aqui (como já contamos) a preocupação é com a pronúncia, "côbalt" ou "cobált".

Sonic: invenção total, ainda que não do departamento de marketing local. O nome do novo carro, hatch e sedã, foram tirados de onde, de um personagem de videogame? E vai ser "sônic" ou "soníc" na pronúncia tupiniquim?

Spin: rainha dos flagrantes, a futura minivan poderia ter uma alcunha menos esdrúxula — "giro" em português. (E quem ficou com o Sonic dos games na cabeça, sabe que "spin" e "spin dash" são dois de seus movimentos).

Enjoy: provável nome do anti-EcoSport da Chevrolet, vem da expressão americana usada nas latas de Coca-Cola e que pode ser abrasileirada para "curta, aproveite".


Chevrolet Ônix teria nome de pedra preciosa, como o histórico Opala

Ônix: o projeto do futuro compacto (na foto acima) da marca retoma uma ideia antiga, boa no passado, de usar pedras preciosas como inspiração (Opala!). Mas soa tão fora de contexto, que preferimos acreditar que algo melhor virá por aí.

E para não parecer que estamos de marcação, falemos também das alemãs:

Macan: para batizar seu novo SUV, que ficará abaixo do Cayenne, a Porsche segue a tradição de usar a cultura de povos, tribos e locais diversos. Macan representa uma ilha, mas também uma espécie de tigre da Indonésia.

Foto: Brenda Priddy & Co
Disfarçado de Cayenne, Macan tem porte menor e faróis mais angulosos

Pajun: outra futura criação da Porsche, uma espécie de mini-Panamera que vai competir com Mercedes Classe E, custando cerca de US$ 85 mil (R$ 160 mil). A palavra é quase um sinônimo para Cajun, que foi o nome de projeto do Macan, e que corresponde aos povos de origem francesa que migraram para a atual região da Louisiana, nos Estados Unidos.

Antos: nova linha de caminhões da Mercedes-Benz, que será mostrada em breve na cidade alemã de Hanover. Nem precisamos dizer como este nome terá problemas aqui no Brasil…

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