Carros são o melhor, mas não salvam "Velozes e Furiosos 6"
ATENÇÃO: PODE CONTER SPOILERS. LEIA POR SUA CONTA E RISCO
Tudo bem, tudo bem: muita gente (chata) vai ler o título, empinar o nariz e dizer que já sabia disso. A questão, então, seria explicar o que motiva tanto frisson, gritaria, palmas a cada trailer que antecipa um novo episódio da franquia "Velozes e Furiosos", iniciada em 2001 e lançando agora o sexto filme, que estreia nesta sexta-feira (24) no Brasil.
A resposta é complicada. Os carros, em sua maior parte de parar o trânsito (com o trocadilho totalmente válido), estão lá e você pode apreciar boa parte deles clicando aqui para ir ao álbum especial. O mote da preparação (tanto visual, quanto mecânica), também está presente e talvez seja o mais fascinante para muitos. Ronco de motores, flerte, provocação e demonstração de destreza de pilotos? Sim, há muito disso no filme, também.
Mas ainda que tudo isso possa ser descrito como o "fino" — a melhor parte — de "Velozes e Furiosos 6", que vamos chamar de VF6, o mais correto é dizer que nada disso define o que é o filme. A crítica oficial pode ser lida em UOL Cinema. Nós, de UOL Carros, vamos ao ponto que nos interessa: VF6 não é um (bom) filme sobre carros.
"Um Golpe à Italiana" (o "Italian Job" original, de 1969) ou sua refilmagem de 2003, chamada aqui de "Um Golpe de Mestre", provocam muito mais. Destreza e flerte podem ser vistos em melhor forma em "60 Segundos", de 2000. Máquinas furiosas, em todos os sentidos, podem ser achadas até em "Transformers". E mesmo "Se Meu Fusca Falasse", de 1968, trata melhor da empatia entre homem e máquina. Ação, perseguição, tiros, frio na barriga? "Bullit" na cabeça, pra fechar com chave de ouro!
VF6 é um filme de pancadaria e, gostando você ou não, este tipo de filme ainda faz bastante sucesso. A história e sua condução são fracos: depois de desmantelar os planos de um chefão do crime no Brasil e ficar com milhões de dólares, história de VF5, a turma (pode chamar de gangue, ainda que sejam os heróis) do ex-policial Brian O'Conner (Paul Walker) e Dominic Toretto (Vin Diesel) resolve (tentar) curtir a vida, construir casa e constituir família. Até que são requisitados à força pelo agente Hobbs (Dwayne "The Rock" Johnson) para a tarefa de deter outra gangue motorizada (estes, sim, são os vilões da história), que vandaliza meio mundo.
Fotos: Divulgação
BMW M5 2010 foi escolhido pelo motor V10 e vira carro de bandido em VF6
Situar a trama em 12 países só serve para tumultuar a cabeça do espectador, já que cada locação tem a profundidade de uma tela de videogame dos anos 1990. O que importa aqui é distribuir porrada, manter o ritmo de vídeo-clipe e o sangue fervendo. Tanto faz se Toretto e Hobbs distribuem golpes de MMA em Moscou ou Londres; ou se O'Conner e a ressurgida Letty Ortiz (Michelle Rodriguez) disparam tiros antes e depois de pisarem fundo em vias engarrafadas de algum lugar no meio do Reino Unido ou da Espanha. No meio da exibição, uma pessoa no meio da plateia pontuou: "Ué, este cara não morreu em Velozes e Furiosos 3"? Tanto faz…
Quem foi para conferir carros em ação vai dar risada quando um automóvel consegue emparelhar, de ré, com outro a toda velocidade em sentido normal. Vai coçar a cabeça nervosamente enquanto um tanque de reta persegue, alcança e destrói um Mustang envenenado de 850 cavalos. E ficar desconsolado quando um Alfa Romeo Giulietta, de 140 cavalos, impede um avião cargueiro Antonov de levantar voo — cena que de tão longa fará você e toda plateia esquecer que havia um avião ali… o que, pensando bem, tenha facilitado a tarefa do hatch italiano.
Ficção, falta de necessidade de representar a realidade, entretenimento… dê a desculpa que quiser. A fórmula é falha.
E nem precisava investir tanto. Quer um bom exemplo de uso das premissas de adoração e fascínio pelo universo automotivo? O curta "Recoil" tem tudo em 7 minutos. Em cena, a dose certa de adrenalina, aventura, equipamento bem preparado, pista (ou terreno) propício, controle total do piloto e claro, alguém com quem compartilhar e para quem mostrar tudo isso. Há até algum humor. Dê o play e bom proveito! (Eugênio Augusto Brito, do UOL, em São Paulo)
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