A BMW teve de adiar a cerimônia de lançamento da pedra fundamental de sua fábrica em Araquari, Santa Catarina. O evento estava marcado para quarta-feira, dia 11, mas foi remanejado para a próxima segunda, 16. Motivo: a falta de autoridades federais, devido às homenagens fúnebres a Nelson Mandela, líder esquerdista da luta contra o regime racista da África do Sul.

A presidente Dilma Rousseff embarcou nesta segunda (9) para a África do Sul, liderando comitiva que, além de todos os ex-presidentes vivos (Lula, Fernando Henrique, Fernando Collor e Sarney, do mais recente ao mais antigo), é composta por alguns ministros.

Diz o comunicado da marca bávara aos jornalistas:

"Em função do falecimento do ex-presidente da África do Sul, Nelson Mandela, e da consequente alteração na agenda de representantes do governo brasileiro e de executivos da BMW por conta do lamentável ocorrido, o evento de lançamento da pedra fundamental da primeira fábrica de automóveis do BMW Group na América do Sul, em Araquari (Santa Catarina), teve sua data alterada para o dia 16 de dezembro (próxima segunda-feira), das 9h às 14h, no local onde a fábrica será construída."

O adiamento do evento da BMW foi anunciado também no site do governo de Santa Catarina, que já avisa: Raimundo Colombo, o governador, participará da cerimônia na nova data. Curiosamente, ele não viajará à África do Sul (tem agenda normal e local na terca, 10).

Dilma não esteve em nenhuma das recentes inaugurações/ampliações/lançamentos de produto realizadas pelas montadoras depois da consolidação do Inovar-Auto, o regime automotivo que é uma das marcas mais distintas de seu governo. No máximo, recebeu representantes (brasileiros e estrangeiros) em seu gabinete — e ganhou um monte de carrinhos.

A cara do governo federal junto ao setor automotivo tem sido, as mais das vezes, a do ministro Fernando Pimentel (Desenvolvimento, Indústria e Comércio), sempre muitíssimo à vontade em Estados governados por colegas de PT (como a Bahia de Jaques Wagner).

Provável candidato ao governo de Minas Gerais em 2014, Pimentel não vai ao funeral de Mandela. Ou seja, estará no Brasil na quarta, 11. Mas, pelo visto, só ele e o governador desta vez não bastam; Dilma pode estar preparando uma surpresa aos catarinenses, que no segundo turno da eleição de 2010 preferiram o candidato José Serra (PSDB). Lá, o tucano derrotou a petista por 56,6% a 43,4%. No entanto, o governador Colombo é ex-oposicionista; era DEM e hoje é PSD.

PS — Erramos o partido do governador porque verificamos em arquivo sua votação de 2010, quando ainda era "demo". Corrigimos, e pedimos desculpas.