Subir e baixar preço de carro, só pode fazer quem lucra muito
UOL Carros
18/10/2013 15h16
Preço de carro no Brasil é um assunto que, parece, jamais se esgotará.
Nem mesmo a chocante revelação de que o Playstation 4 vai custar R$ 4.000, ante US$ 400 (R$ 880) nos Estados Unidos, vai desviar o foco para outros setores da economia. Até porque as próprias montadoras tomam atitudes que não nos permitem deixar o tema de lado.
UOL Carros publica nesta sexta-feira (18) reportagem de Ricardo Ribeiro com a justificativa da Hyundai para ter trazido os novos i30 e Elantra custando muito mais que o praticado no segmento — só para, meses depois, com as vendas atoladas, ter de cortar os preços tabelados em 15% e 19%, respectivamente.
"[Variação de preços] é da vida", disse Antonio Maciel, presidente da CAOA-Hyundai. Segundo ele, o corte foi na margem de lucro, "que já era pequena".
Tomando as palavras de Maciel pelo valor de face, uma margem de lucro "pequena" é aquela que permite tirar R$ 11 mil e R$ 18 mil do preço de cada i30 e Elantra vendidos no Brasil — e continuar existindo.
Há outros exemplos. Já tive a oportunidade de dirigir as novas gerações de Ford Focus Sedan e Nissan Sentra, ambos nas configurações topo de gama, Titanium PLus e SL. Preço de tabela: R$ 89.990 e R$ 71.990.
É isso mesmo, o carro global americano (fabricado na Argentina) custa R$ 18 mil mais caro que o global japonês (feito no México).
Ford Focus Titanium Plus: lindão e R$ 18 mil mais caro que o Sentra equivalente
O Focus completaço é sensacional, sem dúvida. Cheio de bossas, como os instrumentos digitais e um sistema de som Sony de primeira linha, além de abundante tecnologia embarcada, é um produto para quem gosta de carro — e de estar dentro de um carro.
Já o Sentra é conservador. Seu pequeno display digital no painel é patético na comparação com o do Focus, o sistema de som não tem nada de especial. Ambos funcionam bem, e "só". É tipo um Corolla menos mimado pela crítica.
Mas, R$ 18 mil?
Considerando esse valor tão elevado, o único pecado grave do Sentra top é não ter sistemas eletrônicos de controle de tração e estabilidade. De resto, e quando a briga é despida de "frufrus", na comparação com o Focus ele ganha em quase tudo — por exemplo, o espaço no banco de trás é inacreditavelmente apertado no Ford, espantosamente grande no Nissan.
Por que dois produtos voltados ao mesmo consumidor têm diferença de preço tão expressiva?
Cada fábrica é uma história à parte e tem sua política de vendas própria. E talvez a função do Focus Titanium Plus seja mais a de impressionar os clientes na loja e elevar o moral de quem acabar levando uma configuração mais em conta — na linha "Fiz um belo negócio, querida!" — do modelo.
Mas não deixa de ser (mais uma) prova de que "operar" os preços, para cima e/ou para baixo, é algo extremamente fácil de fazer em nosso mercado automotivo.
E isso só é possível se a margem de lucro for bastante generosa. Ponto.
Sobre o Blog
Bastidores, curiosidades e pequenas loucuras revelados pela redação de UOL Carros, que nunca para de falar de carros. Nunca...