Hot Wheels faz 50 anos; maior colecionador do Brasil explica fascínio
Uma das marcas mais emblemáticas do mundo automotivo completa 50 anos em 2018. Não estamos falando de Audi, Ford, Mercedes-Benz ou Porsche, mas sim da Hot Wheels.
Fundada em 1968 por Elliot Handler, cientista espacial e designer de carros, a marca se tornou a campeã de vendas de carrinhos de brinquedo com 500 milhões de unidades vendidas por ano. Produzidos na escala 1/64, eles cativam crianças e adultos há várias décadas.
Não há um número exato da quantidade de fãs pelo mundo, mas sobram aficionados pelo Brasil. Os dois maiores grupos de colecionadores brasileiros somam mais de 30 mil participantes.
Um dos mais conhecidos é Douglas Fernandes, que há quase 10 anos administra o blog "T-Hunted". O nome foi escolhido em referência aos T-Hunts, carrinhos raros que são disputados a tapa por colecionadores do mundo todo.
"Coleciono carrinhos desde criança, quando havia só marcas como Matchbox, SIKY e Miniaturas REI. Ficava encantado com todos os detalhes, e foi naquela época que minha paixão por carros despertou. Cresci e só voltei a colecionar depois dos 30 anos, quando notei que os Hot Wheels estavam mais fiéis aos carros de verdade. E aí comecei a comprá-los, mas sem saber muito bem como funcionava o colecionismo de Hot Wheels no Brasil", afirmou.
Referência
Diante da falta de informações sobre o hobby, Fernandes decidiu criar o "T-Hunted" em fevereiro de 2009, quando estava desempregado.
"Abri o blog de forma despretensiosa com a intenção de juntar informações relevantes do hobby no Brasil e no mundo para os colecionadores. Comecei a entrevistar pessoas do Brasil e dos EUA, e aos poucos minha página foi ficando mais conhecida. O auge veio em 2012, quando mostrei uma miniatura do Dodge Viper SRT antes mesmo da apresentação do carro real e toda a imprensa automotiva mundial repercutiu a notícia. Claro que a Mattel não gostou nada disso, mas pelo menos eles sabem hoje que o blog é respeitado pelos colecionadores do mundo todo".
A repercussão do trabalho fez Fernandes (que atualmente é consultor de negócios de uma gráfica) se tornar conhecido no mundo do colecionismo.
"Foi graças ao 'T-Hunted' que conheci muita gente, tive oportunidade de aparecer em vários jornais e revistas, dei palestras em outros estados e até já fui parado na rua por fãs! Todos os dias falo com colecionadores nos EUA, Asia, Europa, Américas e Oceania. Muitos deles se tornaram mais amigos do que pessoas próximas a mim. Hoje o Instagram tem 22 mil seguidores, e consegui esse volume em menos de 2 anos, o que me deixa bastante feliz".
Mais atenção com os colecionadores
O Brasil é um dos mercados mais importantes para a Mattel, fabricante dos carrinhos Hot Wheels. Prova disso está nas miniaturas inspiradas em carros brasileiros. Até hoje já foram quatro: Volkswagen SP2, Chevrolet Opala (chamado pela empresa de SS), Volkswagen Brasília e Brazilian Dodge Charger. Mesmo assim, nem sempre a Mattel deu a devida atenção aos colecionadores. Fernandes, porém, acha que este cenário finalmente está mudando.
"Acho que a indústria de brinquedos passa por uma grande crise no mundo todo, já que as crianças hoje preferem celulares, tablets ou videogames. Isso fez a Mattel perceber que investir no colecionismo é um bom negócio, pois geralmente são consumidores adultos com condições financeiras de manter uma coleção. Aqui no Brasil, a Mattel decidiu repassar todas as decisões de marketing para o México, e nem sempre são escolhas ideais para nós. Mas há bons ventos no horizonte, como a importação regular de algumas séries adultas e a realização de ações locais voltadas ao colecionador tomando forma lentamente".
Dá pra ter esperanças para o futuro do colecionismo local? "Se a Mattel conseguir estreitar sua relação com os colecionadores, certamente venderão muito mais por aqui e todos ficarão felizes", apontou Fernandes.
Curiosamente, apesar de ser um dos maiores especialistas de Hot Wheels do país, sua coleção encolheu.
"Cheguei a ter 1.300 carrinhos, mas passei por uma fase complicada e precisei vender 1.100 deles com dor no coração. Felizmente consegui levantar um valor suficiente para me sustentar por alguns meses. Quando as coisas melhoraram voltei a colecionar e hoje estou perto de 600 carros. Sem contar algumas lojas que me dão carrinhos em troca de anúncios no blog e fabricantes enviam modelos para avaliação", afirmou.
Mesmo diante das dificuldades financeiras, Fernandes não se desfez de alguns xodós. Se depender dele, estes carrinhos permanecerão na família por um bom tempo.
"Ainda tenho alguns carrinhos da minha infância que hoje se tornaram itens raros, mas certamente passarei todos eles para meu filho. Curiosamente, acredito que o modelo mais importante para mim não seja um Hot Wheels, e sim um Pontiac Firebird azul da Matchbox de 1974. Eu adorava esse carrinho na minha infância e foi ele que me fez adorar carros. Quem sabe um dia não tenho um modelo de verdade também?"
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