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Jeep Cherokee Limited, já para a terra!

UOL Carros

19/10/2010 21h44

EUGÊNIO AUGUSTO BRITO
Da Redação

A filial brasileira da Chrysler apresentou em junho a versão Limited do Jeep Cherokee, que chega ao preço básico de R$ 129.900. O objetivo: adicionar conforto e tecnologia à vida de quem opta pelo "jipão de luxo" americano. Na prática, algo como ter aparência bruta e ainda assim esbanjar conforto, ser roots e cool ao mesmo tempo, agir como rapper americano e curtir como um bon vivant.


Grade cromada define o Jeep Cherokee Limited e passeio no mato é seu melhor uso
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O pacote da versão adiciona a tudo o que já havia no Cherokee Sport (R$ 117.900) itens como bancos de couro (os dianteiros com ajuste elétrico e aquecimento), memória de ajustes para assentos, espelhos externos e estações de rádios (dois acertos), rádio/disqueteira para seis CDs/DVDs com sistema de som premium, Bluetooth com reconhecimento de voz e, por fora, rodas de alumínio aro 17 calçadas com pneus todo-terreno, grade dianteira e molduras laterais cromadas.

A ficha técnica com lista de equipamentos pode ser vista clicando na palavra "aqui".

Recentemente, pudemos experimentar o modelo por alguns dias. E, de cara, vimos que jipão é exigente: ainda na porta do escritório da Chrysler a luz amarela da injeção eletrônica acendeu no painel. Contatada, a assessoria explicou que o SUV pede gasolina premium, mas que havia sido abastecido com combustível convencional, por engano. Nada de mau ocorreria, fora alguma perda de desempenho.

A contrapartida, porém, é ruim e numa análise aprofundada a versão Limited oferece pouco a quem está disposto a arcar com R$ 130 mil para sair da concessionária e 74 litros de combustível premium a cada abastecimento: o Jeep Cherokee é mais rústico que confortável ou tecnológico e está pouco adaptado à realidade nacional.

O revestimento plástico interior tem qualidade inferior à esperada para a categoria (e para o preço cobrado), estava mal-encaixado em alguns pontos do painel e se mostrou altamente suscetível a riscos. O cinto do passageiro insistiu em bater contra o revestimento da coluna, também plástico, produzindo um ruído chato demais. Atrás do retrovisor eletrocrômico, a fiação aparente reforçou a má impressão.

O estilo da cabine é típico da linha Jeep, mas nem por isso pode-se dizer que é adequado: iluminação azul-esverdeada, volante enorme "de caminhão", saídas de ar pequenas, câmbio automático de quatro marchas sem opção de trocas manuais, comandos em posição ruim (muito baixos ou muito distantes das mãos e, muitas vezes, confusos). Quer ajustar o encosto do banco? Vai ter de se contentar com roldanas e alavancas, já que o botão elétrico move apenas o assento. O Bluetooth é sempre bem-vindo, mas sua operação é complicada, seja através dos botões ou pelo reconhecimento de voz, que só aceita os idiomas Espanhol do México (padrão no veículo avaliado), Inglês dos Estados Unidos e Francês. Por fora, rodas de desenho simples demais e réguas cromadas também se mostraram insuficientes para diferenciar o modelo.


Cabine espaçosa tem deslizes de qualidade de acabamento e de precisão do equipamento

Com o carro rodando no trânsito paulistano, sustos e mais decepção: o Cherokee é largo demais para nossas ruas e suas apertadas faixas. Parece que a qualquer instante rasparemos a lateral de alguém ou seremos raspados; capacetes de motociclistas passam a milímetros dos retrovisores. Em retomadas, a lentidão e indecisão do câmbio botavam em xeque o vigor do motorzão V6 de 3,7 litros de 205 cavalos. E a cada desnível, lombada e valeta atravessados, mesmo a baixíssimas velocidades, parece que faremos uma viagem à Lua, tamanha o grau da instabilidade sentida na cabine, culpa do acerto americanizado demais de suspensão e amortecedores.

O que fazer após comprovar este quadro totalmente desfavorável? Resolvemos ir para a terra. E foi muito bom!

Em pista de terra batida ou no meio do mato, no interior do Estado de São Paulo, o Jeep Cherokee Limited quase "renasceu": passou a filtrar decentemente as irregularidades do piso, usou os 32 kgfm de torque para encarar com destreza ladeiras e declives, mostrou-se forte e decidido graças aos modos de ação da tração Select-Trac II, filtrou o excesso de ruído externo graças aos vidros laminados e ao bom isolamento acústico (embora parte do painel jogasse contra, garantindo o barulho de "grilo").

Após uma tarde inteira — de momentos após o almoço até quase o entardecer — de pé-embaixo no meio do matagal, trilhas, morros e areal, o SUV manteve-se inteiro, salvo a sujeira.


Inserido no ambiente rural, Jeep Cherokee Limited agradou mais

Ainda assim, caiu no derradeiro teste, o do potencial comprador, feito por um dos frequentadores da fazenda onde o ensaio que ilustra esta avaliação foi feito. Homem de negócios e auto-intitulado "apaixonado por automóveis", pediu autorização e se aproximou: entrou e empurrou o painel em frente ao banco do carona; desceu, abriu o capô e olhou o motor; deu a volta e observou a traseira. O veredicto foi seco: "Já tive um destes, acho que da geração anterior, e não mudou nada, continua com o mesmo acabamento fraco, sem evolução. E este motor já deveria ter sido trocado. Troquei por um inglês, que é muito mais confortável, tão robusto quanto, e não me arrependo". UOL Carros e seus leitores, claro, sabem do que ele estava falando.

Após isso, só restou retornar para a capital, seguir quicando no asfalto e conferir o consumo. Após 321 quilômetros, o computador de bordo indicou marcações entre 20 e 17,8 litros/100 quilômetros — algo entre 5 e 5,5 km/l.

E você, o que acha? Comente no campo apropriado, mas mantenha o bom nível do diálogo.

Fotos: Murilo Góes/UOL

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