Transporte público ruim, em país que cresce, põe mais motos e carros na rua
Qual é a atual grande utopia urbanística no que se refere à mobilidade em cidades de grande porte? É esta: "Vamos melhorar os serviços de ônibus e de metrô; automaticamente as pessoas deixarão os carros em casa e se deslocarão usando o transporte público".
E então todos habitarão São Paulo felizes para sempre…
Infelizmente, basta entrar num ônibus de linha importante, em horário de pico, para entender que a urgência de melhorar o transporte público não é só para atrair novos usuários, que hoje preferem dirigir (ou estacionar) seus carros no congestionamento nosso de cada dia.
A questão, hoje, é evitar que mais gente opte pelo transporte individual, devido ao inferno que é andar de ônibus (e metrô, e trem) em São Paulo na hora em que todo mundo precisa andar.
Dentro de um ônibus superlotado, sem ar-condicionado, com o corredor da Rebouças travado porque outro ônibus quebrou lá adiante, é fácil adivinhar o que boa parte dos passageiros está pensando: "Este ano, sem falta, vou comprar aquela moto com prestação de R$ 150"; ou, no caso dos mais abonados, "Será que minha poupança já dá pra pagar um carrinho usado?"
A despeito do que você pode ter lido por aí, o Brasil vai bem, as pessoas estão com mais dinheiro no bolso e dispostas a gastá-lo — especialmente se for para aumentar sua qualidade de vida.
Por outro lado, acreditar que da classe média para cima existe uma porcentagem grande de pessoas dispostas a abrir mão da privacidade de uma cabine individual com ar, som ambiente, Bluetooth e outros mimimis, além da conveniência do traslado ponto a ponto (não importa quanto demore), é ingenuidade.
O movimento oposto é bem mais provável: chegou a hora de quem sempre andou amontoado em busão, diariamente desrespeitado pelo poder público que tem o dever de oferecer transporte de qualidade aos cidadãos, mandar tudo isso para o inferno e apostar em si mesmo e em seu conforto.
Se o trânsito nas metrópoles piorar ainda mais, a culpa certamente não será de quem hoje é vítima.
(por Claudio Luís de Souza)
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